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Lady Gwen
 

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quarta-feira, 5 de outubro de 2005

- ouvindo Across the universe, Beatles -

eu sinto saudades como uma pessoa normal.
e dor, e raiva, e tenho orgulho, e choro, e fico vermelha qdo choro.
e quando tenho raiva
e quando rio.
e quando fico com vergonha.
eu como - como todo mundo. Talvez coma um pouco mais que todo mundo e engorde um pouco menos. Mas faz parte de minha estrutura completamente normal.
Talvez um pouco baixinha.
Talvez com um pouco de barriga.
bebo pouca água.
não gosto do gosto de leite nem de carne de carneiro.
gosto de carne de porco.
fico feliz qdo recebo um telefone que não é esperado.
sinto saudades...
acordo descabelada.
às vezes, chego em casa tão cansada à noite que, admito, não escovo os dentes antes de dormir.
às vezes, acordo com tanta fome que como antes de ecova-los.
tenho dificuldades em Algebra e não tenho tempo de estudar.
vivo fantasiando com coisas que não aconteceram.
com as que um dia serão.
com como poderia ter sido as que não foram.
com as que nunca serão.
me apego muito fácil.
sinto saudades...
adoro café.
tenho duas orelhas e não uso brincos.
sou curiosa - muito.
estou com unhas grandes.
quando escrevi isso, tava com os pés inchados - estava ha mais de 12 horas em pé.
choro quando alguém briga comigo.
queria ser forte, mas sendo fraca, sou pelo menos verdadeira.
sou gente. Posso não ser das melhores, posso não escrever como gostaria, posso estar aqui, sentada, sozinha no canto da sala enquanto o professor diz algo engraçado e os alunos riem. Não chegou a mim... Posso ser o oposto de tudo que já viu - posso até não gostar disso - ou que espera, mas isso não faz de mim uma sombra.
Não vago no meio da noite à procura de almas tão solitárias quanto a minha, não desenterrei um parente próximo pra dar um ultimo abraço, não tirei meu sangue e carrego num compartimento perto do pescoço, não dou a outra face pra apanhar, nãoserei enterrada ao lado de nenhuma obcessão, não me desfragmento quando desliga o celular.
Continuo ali...
ou em casa, deitada no chão, olhando pro teto enquanto lamento não ter ficado mais um minuto, não ter dito mais uma palavra, não ter apreciado o silencio certo...
ou na janela do trabalho olhando o mar por cima...
ou sentada na poltrona olhando pela janela do ônibus o campo grande lá fora, com suas grandes copas de árvores altas e solitárias, iluminado apenas por aquelas grandes lâmpadas, e, tentando me jogar, no que já foi pra que eu possa esperar o que virá.
Continuo ali...
...e aqui.



Nothing is gonna change my world...

Enviado por Ban às 08:09